Sozinho, vendedor ambulante tira mais de 150 quilos de lixo por mês em rio da Grande Curitiba

Publicado em 25 ago 2020, às 14h01.

Em Curitiba, Diego Saldanha trabalha como vendedor ambulante de frutas há dez anos, e “bate ponto” de terça a sábado na rua Professor Pedro Viriato Parigot de Souza, próximo a região do Parque Barigui. Entretanto, se engana quem pensa que seu trabalho acaba ali.

vendedor ambulante de frutas
Foto: reprodução do Instagram

De forma 100% voluntária, o vendedor ambulante de frutas se dedica três vezes na semana ao resgate ambiental da região onde mora há mais de 30 anos.

Em Colombo, a restauração do Rio Atuba é um dos seus mais conhecidos projetos, mas abaixo você pode acompanhar as diversas alternativas que fazem Diego uma verdadeira autoridade em educação ambiental.

De vendedor ambulante de frutas a super-herói do Rio Atuba

Alguns heróis usam capas, e outros usam ecobarreiras, como é o caso de Diego Saldanha, que desde 20 de janeiro de 2017 já retirou do Rio Atuba mais de seis toneladas de lixo.

De acordo com Diego, sua ideia partiu da necessidade de trazer uma vida melhor para o rio, que sem dúvidas ajudou a construir a pessoa que é hoje.

“Costumo falar que esse rio fez parte da minha infância. Eu tenho dois filhos (Luan de sete e Eduardo de 11 anos), e queria mostrar pra eles que é possível crescer com uma consciência ambiental melhor do que a que é praticada”.

Mesmo antes de retirar lixo do Rio Atuba o vendedor ambulante de frutas conta que sempre procurou ajudar na restauração ambiental da forma que conseguia, começando dentro de casa.

Além da famosa ecobarreira especialmente desenvolvida para o Rio Atuba, veja abaixo como o currículo ambiental de Diego é extenso e exemplar:

  • Mutirões de limpeza
  • plantio de árvores
  • poste ecológico solar
  • pátio de compostagem
  • tambor de reaproveitamento de água da chuva
  • fossa ecológica
ecobarreira rio atuba
Alguns heróis usam capas, e outros usam ecobarreiras. (Foto: arquivo pessoal)

Para a construção da ecobarreira, Diego utilizou galões plásticos de 50 litros envolvidos com uma rede de proteção, cordas e uma barra de ferro que permite que a barreira se movimente de acordo com a vazão do rio.

De dentro do rio tem de tudo um pouco: lixo não falta

Porta de geladeira, televisão, máquina de lavar, microondas, capacete, pedaços de computador, bola, extintor, brinquedo, fogão, escada, telefone, panela, garrafa térmica, para-choque de carro e até lata de tinta.

Em um vídeo exclusivo Diego mostrou ao RIC Mais os itens inacreditáveis retirados do rio.

Museu do Lixo

Ainda em 2017, Diego estendeu seu trabalho de retirada de objetos do Rio Atuba para a criação do Museu do Lixo, onde deixa separadas todas as peças inusitadas que já resgatou.

Localizado aos fundos do terreno onde mora, o local é aberto para visitações guiadas e costuma receber estudantes e entusiastas com frequência.

“Também tenho a oportunidade de dar aula de educação ambiental para as crianças. Sempre vou nas escolas para falar sobre o tema”.

museu do lixo
Museu do Lixo foi criado também em 2017. (Foto: arquivo pessoal)

Plásticos que saem do rio viram brinquedos

Há algumas semanas o plástico retirado do Rio Atuba ganhou vida pela primeira vez: foram 25 carrinhos e 25 baldes de areia que ganharam um novo e poderoso significado: o de ressignificar, ou seja, o ato de criar um sentido totalmente novo para algo que vemos todos os dias: o lixo.

Conforme Diego, os itens de plástico encontrados no rio passaram a ser entregues a ONG Eco Local Brasil, que agora ajuda ainda mais na transformação da educação ambiental.

Balde de areia e carrinho feitos com plásticos do Rio Atuba. (Foto: arquivo pessoal)

“É um misto de amor e emoção em saber que aquele resíduo que eu estou tirando do rio vai se transformar em um brinquedo para uma criança. Toda criança que ganhar esse brinquedo vai saber a história da onde ele vem e vou poder passar um pouquinho do que é a educação ambiental. Ela vai chegar em casa e comentar com o pai, com o irmão, com a mãe… com a família. Esse é o amor por tudo que eu faço ali”.

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Diego ao lado da ecobarreira construída em 2017. (Foto: arquivo pessoal)