Casamentos que favorecem o crescimento pessoal e relacional
Casamentos favoráveis ao crescimento
Os casamentos que permitem que cada parceiro possa crescer e amadurecer como pessoa, são casamentos mais propensos a durar e com qualidade. São casamentos em que os envolvidos não se desconectam de si mesmos pelo caminho. Em casamentos que favorecem o crescimento pessoal e relacional não ocorre de um dos cônjuges se abandonar em prol do ser e desejar do outro. Ao contrário, em casamentos assim, ambos têm espaço para ser, desejar, crescer e evoluir.
O crescimento dos cônjuges
O crescimento dos cônjuges, no entanto, não ocorre num individualismo ou distanciamento do outro. Dá-se numa parceria com o outro, em seus aspectos construtivos, mas também e, especialmente, num confronto com o lado destrutivo do outro, bem como de si próprio. Nesse sentido, o sofrimento pode ser inevitável para a caminhada à maturidade.
O casamento como via de crescimento
O casamento pode ser uma via importante para o crescimento, na medida em que ocorre um encontro dialético entre dois parceiros durante toda sua vida conjunta.
Na trajetória do crescimento ocorre um descobrimento da alma, no qual ocorre uma abertura ao outro e para si mesmo. Segundo Guggenbühl-Graig[1], somente no friccionar as próprias feridas se é capaz de aprender sobre si mesmo, Deus, o outro e o mundo. Assim, o casamento como via de amadurecimento pode até ser doloroso, mas também, além das dificuldades, se experimenta uma profunda satisfação existencial, a qual fortalece a convicção de que faz sentido avançar juntos como casal. Nessa dimensão relacional é possível crescer na percepção de si e do outro real. O parceiro idealizado passa a dar lugar ao parceiro real, que passa a ser aceito e admirado pelo que é.
O sentido da vida a dois
Quando o sentido da vida a dois se estabelece, a ação do amor faz surgir o sentimento do amor, que brota com força e assume o lugar do sentimento da paixão. Ocorre uma conexão com a pessoa real com quem se está casado. Essa conexão favorece o surgimento de um sentimento incomparavelmente superior ao das projeções e idealizações inconscientes do estado da paixão. A atração agora é pelo parceiro real, e não mais pelo parceiro idealizado. O outro se apresenta irresistível pelo que de fato é, e não mais pelo que se projeta sobre ele, em expectativas fantasiosas. Porém, a experiência dessa conexão e sentimento amoroso, é apenas para os nobres e corajosos, que assumem um compromisso com o sistema do casamento, e se posicionam numa responsabilidade proativa na construção de um relacionamento que favorece um crescimento pessoal e relacional.
[1] Adolf Guggenbühl-Graig. O casamento está Morto, Viva o Casamento. São Paulo: Edições Símbolo, 1980.