Trump pressiona agência para acelerar liberação de remédios com potencial para tratar coronavírus

Publicado em 20 mar 2020, às 00h00.

Enquanto o número de casos do novo coronavírus disparava nos Estados Unidos e profissionais de saúde se queixavam da escassez de suprimentos criticamente necessários, o presidente Donald Trump declarava, nesta quinta-feira (19), que seu governo havia “acabado com a burocracia” a fim de expandir o teste de possíveis tratamentos. Mas enviou sinais contraditórios sobre a possibilidade de medidas para compelir o setor privado a fabricar equipamentos médicos.

Com o desenvolvimento de uma vacina prática contra o coronavírus a pelo menos um ano de distância, Trump, cercado na Casa Branca pelas principais autoridades de saúde do governo federal, declarou que o governo vinha trabalhando pela rápida expansão dos testes de diversas terapias de combate ao vírus que as autoridades esperam venham a se provar efetivas.

Nos EUA, por sua vez, os casos passaram de 5.000 para mais de 10.000 em apenas dois dias. Já há o registro de 163 mortes em decorrência do vírus, que atingem todos os 50 estados americanos.

“Instruí a FDA a eliminar regras obsoletas e burocracia para que esse trabalho possa prosseguir rapidamente, velozmente, e quero dizer muito rápido”, disse Trump, entusiasticamente, acrescentando que diversos medicamentos tinham o potencial de “virar o jogo”, antes de acrescentar uma nota de cautela: “Ou talvez não”.

Mas quais remédios?

O presidente Donald Trump, pressionou a FDA – entidade responsável por controlar os alimentos e remédios no país – a liberar medicamentos com potencial de tratamento contra o novo coronavírus. Trump alegou que, assim, poderia se chegar a um avanço no tratamento enquanto a vacina contra a doença ainda está sendo desenvolvida. “Precisamos remover qualquer barreira.”

Trump mencionou dois medicamentos. O Remdesivir, que é um remédio antiviral ainda em experimento pela Gilead Sciences Inc’s, e a hydroxychloroquina, um genérico contra a malária.

O estoque de hydroxychloroquina, porém, está em baixa, de acordo com farmácias independentes e a ASHP (Sociedade Americana de Farmacêuticos do Sistema de Saúde, em tradução livre). A sociedade, que mantém uma lista independente de remédios em falta, pretende incluir a hydroxychloroquina ainda nesta quinta, afirmou Erin Fox, diretora-sênior de informação sobre medicamentos da Universidade de Utah e responsável pela elaboração da lista.

Melhor ter calma

Stephen Hahn, o comissário da FDA, a agência americana de fiscalização e regulamentação de alimentos e remédios, buscou moderar delicadamente parte do otimismo de Trump, declarando que embora seja importante que os médicos tragam esperanças, era igualmente importante que eles “não criem falsas esperanças”.

Precisamos garantir que o mar de novos tratamentos leve o remédio certo ao paciente certo no momento certo”, disse Hahn, mencionando a importância de estabelecer a segurança e eficácia de possíveis tratamentos. “Como exemplo, talvez tenhamos o remédio certo, mas ainda não seja possível estabelecer a dosagem certa de imediato, e isso pode causar mais mal do que bem.”

Alerta!

Pelo menos por enquanto, não existe tratamento medicamentoso comprovado para o  novo coronavírus. Médicos de todo o mundo vêm testando desesperadamente uma série de vacinas, na esperança de encontrar alguma coisa que ajude os pacientes, especialmente aqueles que estiverem severamente doentes.