Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) – O Ibovespa fechou em alta nesta terça-feira, batendo nos 117 mil pontos no melhor momento, em meio a perspectivas melhores para a reabertura da economia, apesar do quadro ainda grave da pandemia de Covid-19, bem como avaliações de que as recentes mudanças em Brasília tendem a melhorar a articulação política.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,24%, para 116.849,67 pontos, máxima de fechamento desde 19 de fevereiro, caminhando para a primeira alta mensal no ano – com março mostrando ganho de 6,19% até o momento. No mês passado, caiu 4,37%. Em janeiro, recuou 3,32%.

O volume financeiro da sessão somou 28,2 bilhões de reais, de novo abaixo da média diária do mês, de 37,6 bilhões de reais.

Para o responsável pela mesa de negociação de ações da Western Asset, parte do desempenho do Ibovespa na sessão pode ser atribuída à percepção de que o ritmo de vacinação da população tem ganhado corpo, o que explica o forte desempenho de papéis de aéreas, shopping centers, entre outros.

Nesse contexto, também ajudaram as declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de que a economia brasileira deve experimentar uma reabertura mais rápida com a vacinação de grande parte dos grupos de risco em dois ou três meses.

Nas primeiras declarações após assumir o Ministério da Saúde na semana passada, Marcelo Queiroga prometeu mais do que triplicar o ritmo de vacinação em breve para mais de 1 milhão de doses aplicadas por dia.

A inesperada troca dos titulares de seis ministérios do governo Jair Bolsonaro na véspera, incluindo as pastas de Justiça e Defesa, e com a articulação política entregue a uma deputada ligada ao centrão, também repercutiu nos negócios.

“Parece ser uma tentativa do Executivo de se aproximar mais do Legislativo… O mercado está lendo como uma coisa boa, que talvez traga algum alívio na pressão política”, disse o diretor de investimentos da BS2 Asset, Mauro Orefice, ressalvando que ainda há incerteza sobre a motivações do movimento.

Endossando a premissa, o sócio da Monte Bravo Investimentos Rodrigo Franchini afirmou que a ideia do mercado é que a reforma reforçará a base do governo no Congresso, uma vez que o governo não tinha apoio para aprovações das reformas estruturais.

O dia também trouxe dados acima do esperado de criação de empregos formais no Brasil em fevereiro com a abertura de 401.639 vagas, enquanto o déficit fiscal do governo central, composto por Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social, foi menor do que o esperado.

A Bovespa descolou de Wall Street, onde a alta dos rendimentos dos Treasuries pressionou papéis de tecnologia e enfraqueceu os principais índices acionários. O S&P 500 terminou com variação negativa de 0,32%.

DESTAQUES

– EMBRAER ON disparou 9,3%, com papéis de setores relacionados a viagens entre as maiores altas. GOL PN avançou 8,56% e AZUL PN fechou com acréscimo de 6,94%. No mesmo grupo duramente afetado pela pandemia de Covid-19, CVC BRASIL ON subiu 5,57%.

– EZTEC ON avançou 6,48%, em dia de reação do setor imobiliário, com algum alívio na curva de juros. E o JPMorgan elevou a recomendação da ação a “overweight” e afirmou que permanece otimista com as construtoras, apesar da falta de gatilhos no curto prazo.

– LOJAS RENNER ON subiu 5,86%, também na esteira do sentimento melhor em relação à reabertura da economia, o que ajudou a puxar o índice de consumo, que fechou em alta de 2,25%. Da mesma forma, shopping centers tiveram altas relevantes, MULTIPLAN avançando 5,61%.

– SUZANO ON recuou 3,31%, refletindo rotação de setores e tendo de pano de fundo a trégua na valorização do dólar ante o real. No setor de papel e celulose, KLABIN UNIT caiu 1,08%.

– BANCO DO BRASIL ON avançou 3,09%, puxando o desempenho dos grandes bancos. BRADESCO PN valorizou-se 1,67% e ITAÚ UNIBANCO PN fechou em alta de 1,64%. BTG PACTUAL UNIT teve incremento de 5,82%.

– VALE ON fechou em baixa de 0,93%, em sessão de ajustes, após subir quase 6% nos últimos dois pregões.

– PETROBRAS PN terminou estável e PETROBRAS ON recuou 0,3%, em sessão de queda dos preços do petróleo no exterior, com o Brent fechando em baixa de 1,29%, a 64,14 dólares o barril.

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30 mar 2021, às 17h48. Atualizado às 18h41.
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