'Made in Mandaguari': produtores de café buscam selo de procedência

Publicado em 9 jun 2022, às 06h00. Atualizado em: 19 jun 2022 às 23h12.

Em Mandaguari, noroeste do Paraná, produtores de café se mobilizam para pleitear junto ao Instituo Nacional de Propriedade Industrial (INPI) o selo de Indicação Geográfica (IG) para o grão produzido no município. O grupo de 30 produtores conta com o apoio da Prefeitura de Mandaguari e do Sebrae Paraná, que atuam para custear o processo, capacitar e organizar uma associação local para o setor.

“Procuramos o Sebrae para ter orientação sobre o que fazer para conseguir a IG, entendendo que a união dos produtores nessa busca vem ao encontro da oportunidade de fomento da produção local com qualidade, além de estímulo ao turismo rural”, diz o produtor rural do Sítio Eliza, Fernando Rosseto.

O Sítio Eliza é gerido pela quarta geração da família. São 30 alqueires de café, sendo que da safra 30% são grãos especiais. “Há tendência de crescimento do café especial no mercado. Nesse sentido, ter o selo para a produção local pode levar diversos produtores a conquistar novas perspectivas”, comenta.

Denominação de origem

O selo de Indicação Geográfica significa que um produto traz características únicas por conta de onde ele é feito. Isto inclui fatores naturais e humanos.

Mandaguari possui café característico devido a atributos como lavouras familiares, prevalente entre os produtores, além de solo e localização. A terra roxa da região resulta de decomposição de rochas basálticas, ricas em nutrientes, como o ferro, responsável pela cor avermelhada. Segundo o produtor Fernando Rosseto, essa qualidade requer pouca adubação para plantas bem nutridas.

“A região é atravessada pelo Trópico de Capricórnio, que traz um equilíbrio térmico, com dias quentes e noites frias. Sobre a altitude, entre 600 e 650 metros, alguns consideram baixa. Mas a latitude alta (posição em relação à linha do Equador) compensa. Temos uma temperatura ideal”, explica.

Trabalho tem sido realizado junto aos produtores | Foto: Prefeitura de Mandaguari

O produtor afirma que o resultado é um café de sabor equilibrado, enquanto outras regiões cafeeiras precisam fazer blends (misturas) para a bebida oferecer mais notas sensoriais. “O café da região não precisa ser blend pois já possui corpo, acidez equilibrada e notas que puxam mais para o cítrico, caramelizado, amendoado e notas de chocolate”, completa o produtor rural, Rosseto.

Trabalho junto a produtores

Segundo o consultor do Sebrae Paraná, Luiz Carlos da Silva, com a parceria do Instituo de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), da Cocari e da Prefeitura, o trabalho começou com a sensibilização de agricultores.

“Foi realizado o diagnóstico e planejado o processo que exige a criação de um caderno de especificações, que determinará as melhores práticas de plantio, colheita, entre outros. A organização de uma associação dos cafeicultores é o próximo passo”, explica o consultor.

O secretário de Meio Ambiente e Turismo de Mandaguari, Eduardo Abilio Elias Rifan Nunes, diz que o objetivo é organizar o setor para um café de qualidade e para construir uma rota do café.

“A região já foi a maior produtora de café do Brasil, mas a geada de 1975 devastou as plantações e a liderança mudou. Queremos resgatar a potencialidade do município, favorecer o aumento de produções de qualidade e o turismo rural. Com a IG, será possível agregar valor e atrair produtores para um mercado especial”, observa.

IGs do Paraná

O Paraná possui atualmente nove produtos com registro de IG: Bala de Banana de Antonina, Melado de Capanema, Goiaba de Carlópolis, Queijo de Witmarsum, Uvas de Marialva, Café do Norte Pioneiro, Mel do Oeste, Mel de Ortigueira, e Erva-mate São Matheus, do Sul do Paraná.