Caso Daniel: depoimento de Allana Brittes e outros quatro réus marcam 2º dia do júri
O segundo dia de julgamento do Caso Daniel aconteceu nesta terça-feira (19), no Tribunal do Júri de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Allana Brittes, David Willian Vollero Silva, Ygor King, Eduardo Henrique Ribeiro da Silva e Evellyn Brisola Perusso foram ouvidos no tribunal.
O julgamento desta terça durou aproximadamente 11 horas. Até o momento, 13 testemunhas foram ouvidas, duas delas sigilosas. O terceiro dia está marcado para às 08h30 desta quarta-feira (20).
Allana diz que viu pai “transtornado” segurando Daniel pelo pescoço
Em seu depoimento neste segundo dia de julgamento, Allana Brittes, ré do caso Daniel, falou sobre o momento em que viu o pai, Edison Brittes, segurar o jogador pelo pescoço, antes da morte.
A filha de Cristiana e Edison, revelou que estava no quarto e que ouviu um “desce, desce, desce tem um cara no quarto da sua mãe”.
“A hora que eu encontrei minha mãe ela tava no pé da escada chorando. Eu perguntei o que houve e ela disse que não sabia e estava dormindo. Ela só pedia ajuda”, descreveu Allana.
Evellyn Perusso diz que Edison confessou assassinato de Daniel
Evellyn Perusso respondeu a um interrogatório de 30 minutos no Tribunal do Júri de São José dos Pinhais, nesta terça-feira (19). Ela responde pelo crime de fraude processual no caso Daniel Corrêa.
O interrogatório iniciou por volta das 11h50. Ela começou contando que está com 24 anos, trabalha como manicure e que é mãe de uma menina de 8 anos e um menino de 6 meses. Depois do assassinato do jogador Daniel, ela foi condenada por tráfico de drogas.
“Na época dos fatos, eu conhecia a Allana há um ano e dois meses. Eu tinha um convívio com a família. A gente tinha uma amizade. Óbvio, era mais com a Allana, mas como eu frequentava a casa da família, tinha contato com os pais dela. A gente se dava super bem. Depois do ocorrido, a gente nunca mais teve contato”, revelou Evellyn Perusso.
Acusação diz que réus ‘tinham inveja’ de Daniel e defesa que jogador ‘procurou perigo’
A tarde desta terça-feira (19) foi marcada pelo debate da acusação e da defesa no julgamento do caso Daniel. Durante o debate, o promotor alegou que os réus tinham inveja de Daniel Corrêa. Por outro lado, a defesa diz que o jogador “procurou perigo” ao ir à casa da família Brittes sem ser convidado.
O promotor João Nilton Sales apresentou um vídeo onde um dos réus conta em depoimento que conversou com Daniel sobre futebol e que jogou em uma escolinha de base. “Eu imagino a inveja que esses caras tinham do Daniel, que era um jogador de futebol”, diz o promotor.
O assistente de acusação e advogado da família de Daniel, Nilton Ribeiro, mostrou um vídeo de Daniel com a família e com a filha, que tinha 3 anos na época. Ele diz que toda noite a filha beija a foto do pai. “Ele foi para a casa dos algozes”, diz Nilton.
Advogados dos réus dizem que Daniel “procurou o perigo”
Durante o júri do caso Daniel, a defesa de Edison Brittes alegou que ele agiu sob forte emoção e por isso matou o jogador. Essa tese da defesa não inocenta Edison, mas ajudaria a reduzir a pena. Para evitar que os jurados acatem a tese de forte emoção, o promotor João Milton Salles questionou a atitude “duradoura” de Edison, dizendo ainda que, depois do assassinato, todos os réus se reuniram para comer strogonoff.
Depois que Edison voltou à residência, após o homicídio, uma das rés, Evellyn Perusso, afirmou que ele a obrigou a limpar o sangue de Daniel da casa. Na fase de inquérito policial, também afirmou que foi obrigada a fazer um almoço a todos que estavam lá. Pegou o que tinha na cozinha e fez um strogonoff. Todos teriam almoçado juntos, enquanto discutiam o que seria dali para frente.
Forte emoção
Agora falando do momento da agressão e assassinato do jogador, o promotor questionou sobre o tempo que durou a “forte emoção” de Edison, depois que ele pegou o jogador na cama em cima de sua esposa. Ele analisou que, uma pessoa que tem uma forte emoção age por impulso segundos depois de ter visto algo que provocou a atitude extrema. Mas que essa ação é passageira, não dura mais que alguns minutos para a pessoa parar, pensar e agir de outra forma.
No caso de Edison, afirmou o promotor, Daniel já tinha apanhado bastante, o jogador já tinha sido arrastado pela casa e colocado no carro e Edison ainda teve tempo de afiar uma faca.
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Nesse tempo dentro do carro, completou o assistente de acusação, Nilton Ribeiro, Daniel tentava falar algo. E recebia cotoveladas dos réus para ficar quieto, enquanto os réus decidiam o que fariam com ele. Ou seja, ações que demoraram algum tempo para acontecer e extrapolaram bastante o tempo da “forte emoção”, ressaltou o promotor.
“Eu não consigo entender a violenta emoção que dura duas ou três horas. Um surto psicótico de três horas? Começou de manhã e terminou no strogonoff”, disparou o promotor durante o júri.
“Depois disso tudo, eles fizeram um strogonoff para comer
Corpo colocado, não arrastado
O promotor ainda explicou a ausência de arrasto do carro até o meio da mata, porque este caminho estava “limpinho”, segundo as palavras dele aos jurados.
Na interpretação do promotor ao vídeo, feito no local do crime, o corpo de Daniel foi colocado em meio à mata, sem ser exatamente arrastado. Diante disso, uma pessoa sozinha não conseguiria fazer essa tarefa, que teria que ter sido executada por duas pessoas ou mais.
Depois que ele explanou suas interpretações, o assistente de acusação, o advogado Nilton Ribeiro, que atua em favor da família de Daniel, demonstrou o que o promotor queria dizer. Pegou um dos advogados da sua banca e pediu que outras pessoas o segurassem, para convencer os jurados da fala do promotor.
A intenção da promotoria e da acusação é demonstrar que Edison não cometeu sozinho o homicídio e derrubar a tese dos outros réus, Eduardo, Ygor e David, de que eles não participaram do assassinato.
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