Sorvete criado por paranaense para ajudar em quimioterapia da filha recebe prêmio internacional
A doutoranda do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Rural Sustentável da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná), Ana Maria da Silva, representou esse mês a instituição no Seafood Show Latin America, principal encontro da cadeia produtiva do pescado na América Latina, em São Paulo. O sorvete com proteínas hidrolisadas de tilápia, fruto de seus estudos, conquistou o terceiro lugar na Maratona de Inovação do Pescado no AgriFutura.
O sorvete de peixe desenvolvido por Ana Maria, do Câmpus de Marechal Cândido Rondon, foi uma forma de ajudar a filha que enfrentava um câncer, pois minimizava os efeitos colaterais da quimioterapia, como feridas na boca, úlceras, enjoos e alteração no paladar. “A minha filha teve câncer gestacional com quatro meses de gravidez, ela não conseguia comer. Então eu tive a ideia de fazer o sorvete pensando no sofrimento que era comer por causa das feridas na boca. O sorvete acalma as feridas e, desta maneira, ela consegue ingerir proteína”, explica Ana Maria.
O produto desenvolvido por ela é recomendado no cardápio alimentício de pessoas que enfrentam a doença porque agrega proteína num alimento de fácil consumo e que não tem gosto de peixe. Usando biotecnologia ela conseguiu transformar a carne da tilápia em uma pasta líquida, para inseri-la no sorvete e deixá-lo mais proteico.
O sorvete com hidrolisado de tilápia ainda está em fase de desenvolvimento e a pesquisa tem como objetivo avaliar a qualidade nutricional e a qualidade do produto. Além dele, outros produtos desenvolvidos por Ana Maria foram apresentados em seu stand “By Fish Consultoria”, como os enlatados de tilápia, pacu e rã.
Para ela, a recepção na competição de startups, representando a universidade, foi muito gratificante. “É um reconhecimento pelo trabalho maravilhoso do nosso grupo de pesquisa e de professores da universidade. É fruto do trabalho dos professores Aldi Feiden, Altevir Signor, Wilson Boscolo e Armin Feiden. Estamos muito felizes e fechando com chave de ouro o nosso trabalho da tese de doutorado”, afirmou Ana Maria.
Trajetória
Ana Maria começou sua pesquisa ainda na graduação, em 2008, quando se viu envolvida no programa de inserção do pescado na alimentação escolar no município de Marechal Cândido Rondon, transformando a tilápia do pequeno produtor em CMS (carne mecanicamente separada) para, a partir disto, elaborar produtos saudáveis para as crianças das escolas municipais.
A acadêmica fez o seu mestrado no Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM), da Marinha do Brasil, trabalhando com o desenvolvimento de produtos à base de pescados marinhos com a comunidade de pescadores artesanais do município de Arraial do Cabo (RJ). O doutorado na Unioeste está no contexto da expansão do mercado de tilápias no Paraná. A produção de peixes de cultivo cresceu 9,3% no Estado em 2021, o que o consolidou como líder nacional no segmento.