EXCLUSIVO: Relatório aponta que Maria Leticia chutou viatura e ofendeu policiais

Publicado em 16 abr 2024, às 18h52.
Atualizado em: 17 abr 2024 às 07h37.
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O processo envolvendo a vereadora curitibana Maria Leticia (PV) está perto de encontrar um desfecho no Conselho de Ética da Câmara Municipal. O relator do caso, vereador Professor Euler (MDB) apresentou um parecer que pede a cassação do mandato da colega de parlamento por quebra de decoro. A acusação considerada procedente foi a de abuso de autoridade contra policiais que fizeram a abordagem do acidente.

Por outro lado, Euler decidiu arquivar as acusações de embriaguez ao volante e de tentativa de fuga do local. O relatório segue em sigilo e será analisado na sessão desta quarta-feira (17) pelos demais integrantes do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.

A reportagem teve acesso ao relatório. Entre as acusações que pesaram para dar prosseguimento às denúncias, Euler aponta que durante a abordagem, Maria Letícia afirmou que os agentes de segurança não tinham nem o segundo grau completo e que eram “abusadores” e “lixos”.

Maria Leticia também teria dito que a policial mulher que atendia a ocorrência deveria ter vergonha do que estava fazendo. Em outro momento, a parlamentar afirmou que era amiga do secretário de Segurança Pública, Hudson Leôncio Teixeira, e que o chamaria para resolver a situação.

O relatório também detalha que a vereadora chutou a viatura por dentro e precisou ser algemada.

Relator comenta embriaguez ao volante

Questionado sobre o relatório, o vereador Professor Euler explicou os motivos que o levaram a arquivar a acusação de embriaguez ao volante.

“É lógico que para a população em geral, o fato de a vereadora dirigir embriagada parece ser o mais relevante, mas este é um fato da vida pessoal dela e que já está sendo julgado pela justiça comum. Agora, quando se trata do chamado decoro parlamentar, que é o que eu deveria analisar, o abuso de autoridade é o ponto crucial a ser observado. Quando ela falou para os policiais ‘eu sou vereadora, e vocês vão se ferrar’, ela saiu da sua vida privada e trouxe o seu mandato diretamente para dentro da cena do acidente”, explica o relator.

Maria Leticia critica relatório

Procurada, a defesa da vereadora Maria Leticia enviou nota criticando a falta de imparcialidade do relator e o que foi levado em consideração para pedir a cassação do mandato.

“A defesa manifesta profunda estranheza com o relatório, pois parece que o documento, infelizmente, atenta contra a imparcialidade do relator, que até o presente momento a defesa entendia como absolutamente idôneo. Além de o relatório considerar declarações do soldado Anderson, que estava impedido de depor e portanto não deveria ter as falas ponderadas, ele ignora o fato de que, especificamente sobre o desacato, ficou claro que o depoimento da soldado Roberta foi contraditório e incompatível com aquele dado pelo tenente Fagundes”.

Euler rebate as afirmações de Maria Leticia

Em resposta a nota divulgada pela defesa de Maria Letícia, o vereador Professor Euler afirmou que não havia impedimento contra o soldado Anderson durante o depoimento.

“As declarações do soldado Anderson foram em depoimento em sede policial, data em que não havia qualquer impedimento para ele. Sobre o desacato e abuso de autoridade, não há qualquer contradição entre os depoimentos da soldado Roberta e do tenente Fagundes. O tenente apenas afirmou que não presenciou qualquer desacato, no entanto, conforme os depoimentos, ele chegou ao local do acidente depois que os policiais já haviam atendido a ocorrência e já tinham sido alvo das ofensas e abuso de autoridade da vereadora”, comenta Euler.

Caso pode ir à plenário

Apesar de arquivar a acusação por embriaguez ao volante, Euler entendeu que Maria Letícia estava alcoolizada, em conjunto com os efeitos de medicamentos. Um policial, que foi testemunha, chegou a ouvir na delegacia que a parlamentar teria confessado que bebeu.

Por fim, os demais integrantes do Conselho de Ética podem apresentar votos em separado, com visões diferentes do entendimento do relator. Caso a cassação seja aprovada na comissão, caberá ao plenário da Câmara tomar uma decisão final sobre o processo envolvendo Maria Leticia.

Relembre o caso

O processo investiga Maria Letícia por desacato e embriaguez ao volante. A ocorrência foi registrada em novembro do ano passado, no momento em que a vereadora retornava de um show da cantora Ludmilla.

O início das oitivas da sessão foi no dia 8 de março, quando testemunhas do processo prestaram depoimentos.

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