Após uma semana turbulenta na política paranaense, a 1ª pesquisa eleitoral para a prefeitura de Curitiba traz boas notícias para vários dos espectros políticos.

O primeiro bom cenário é para as esquerdas. Em meio à organização de uma campanha unificada entre PT, PSB e PDT, o nome de Luciano Ducci (PSB) se mostrou competitivo e com grandes possibilidades de chegar ao 2º turno. O resultado é ainda melhor para o deputado federal porque, se a “frente ampla” se confirmar, Ducci deve naturalmente herdar os 2,6% de Carol Dartora (PT) e 2,5% de Goura (PDT). Nesta hipótese, o ex-prefeito terminaria a corrida eleitoral na liderança do 1º turno. Ou seja, a pesquisa reforçou a posição da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, de que a candidatura própria do partido de Lula vai mais atrapalhar do que auxiliar as ambições políticas do grupo.

Quem também se mostrou resiliente foi o lavajatismo. Após derrotas seguidas e constantes no judiciário, o grupo viu sua força política derreter, principalmente com a impugnação da candidatura Deltan Dallagnol (NOVO), o que resultou na sua perda de mandato como deputado federal, e com as diárias articulações para uma possível cassação de Sergio Moro (União Brasil), já que nos bastidores isso é dado com certo. Mas mesmo com ataques frequentes, o ex-procurador manteve apoio dos curitibanos e deve ser uma pedra no sapato dos adversários, seja com uma candidatura própria ou até da sua esposa Fernanda Dallagnol (NOVO).

Beto Richa (PSDB) é mais um que pode ficar com o sorriso largo. Após fracassar a articulação para ir ao PL, o tucano tem a seu favor o saudosismo – o mesmo que beneficiou Rafael Greca (PSD) em 2016. Richa saiu da prefeitura de Curitiba, em 2010, com apoio maciço da população e, mesmo com um pós conturbado e polêmico, ainda é bem lembrado pelos “curitibinhas raízes”, pelo menos é isso que aponta o levantamento. Aparentemente as prisões e acusações na área jurídica não enterraram a carreira política de Richa. O hoje deputado federal precisa superar agora outras barreiras: se mostrar viável para outras siglas na tentativa de angariar apoio e superar as limitações do próprio partido, porque enfrentar a força da máquina pública e de outras legendas como PL e PT vai ser uma missão quase inglória.

Eduardo Pimentel vinha patinando mas, como esperado, apareceu no topo das citações entre os curitibanos entrevistados. Não é por menos, a intensidade em que o governador Ratinho Júnior (PSD), que o próprio chefe do executivo Municipal, Rafael Greca, e que até o presidente da Assembleia Legislativa, Ademar Traiano (PSD), estão trabalhando para dar holofote ao hoje vice-prefeito acabaria por, de um jeito ou de outro, dar resultado. Mas, Pimentel precisa manter o alerta ligado. Curitiba já se provou rígida com prefeitos em exercício. Ducci e Gustavo Fruet (PDT) foram limados das disputas sem se quer chegar ao 2º turno. Logo, com tantos nomes experientes e de identificação com o eleitorado da capital, ou Pimentel entra de vez na disputa ou pode ser engolido em meio a bandeiras caras ao povo da capital. Pimentel não é Greca e ainda não encarnou essa continuidade, o ponto é que todos os adversários sabem disso.

Ney Leprevost (União Brasil) é um daqueles nomes que podem surpreender, só precisa combinar com os russos antes. Em uma estratégia inédita, a candidatura de Ney afastou de vez os 8 vereadores da capital. Uma campanha que começa esparramando ao invés de aglutinar, tem tudo para se sair mal, mas partindo do experiente Leprevost, é raso analisar os fatos apenas pelo que é público. Por outro lado, Rosangela Moro (União Brasil) não mudou o domicílio eleitoral de alegre. A esposa do ex-juíz pode encampar a bandeira em defesa da Lava Jato e da perseguição contra o marido e acabar ganhando apoio popular. Ou seja, o hoje “Desunião Brasil” precisa primeiro resolver seus conflitos internos para depois pensar em ser competitivo nas urnas. 

Por fim, o PL vai ter apoio na capital paranaenses, seja com Paulo Martins ou Ricardo Arruda. O ponto é: quanto do eleitorado é majoritariamente bolsonarista em comparação com o lavajatismo? Essa primeira pesquisa é um chamado para que Martins incorpore de vez que é o representante do ex-presidente na cidade. Caso contrário, nomes conservadores vão engolir o eleitorado e podem inclusive mostrar que ser apoiado por Bolsonaro não é necessariamente o único critério para se escolher um prefeito.

A disputa eleitoral está só no começo, mas o levantamento da Radar Inteligência deu vários sinais para todos os lados dessa competição. Quem souber jogar melhor com esse primeiro resultado, pode sair na frente dos demais adversários. Em tempo, Curitiba deve ter uma campanha eleitoral nos moldes de 2004, quando Beto Richa passou sufoco para vencer Ângelo Vanhoni (PT). De lá pra cá o jogo foi mais fácil, mas dado o cenário, 2024 será de fortes emoções.

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17 mar 2024, às 19h39. Atualizado em: 18 mar 2024 às 01h51.
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